Parlamento das Letras: Teresa Moure

Teresa MoureTeresa Moure é un volcán literario. Magmática, impredicible e desmedida deixa escapar linguas de lava que erupcionan en prosas, poemas, pezas teatrais e ensaios sen solución de continuidade.

Selvática e irreductible, a súa escrita é unha aldea gala resistente contra o romano homoxeneizador: non se abaixa á burguesía bempensante, é politicamente incorrecta, disidente per se e provocadora á mantenta.

Todo nela é torrencial e vai pechando e abrindo diáclases nas que ecoan xenuínos desprazamentos de placas tectónicas: dunha escrita inicial punxente e reflexiva, de complexo balizado, ata outra incisiva, intervencionista e autenticamente pornográfica; dunha creatura en opción normativa institucionalizada ata a actual fervenza en galeguía.

Muller árbore, velenaria consciente, herdeira da palabra de Eva, natura política queer-endo sempre un mundo outro, nación ostracia e violadora de lobos feroces, o seu é acabar cos elefantes dos armarios, aprehender da enerxía que flúe entre Poder e Eros e percutir, estralar, rebentar, arrasar con calquera devasa mental e creativa: No limits, sempre e máis despois irreverente, provocadora, diversa como nestas súas palabras.

xeira das árbores¿Cando, onde e da man de quen publicaches os teus primeiros textos?

Na adolescência ganhei alguns prémios de poesia e relato que foram editados em publicações excecionais e de pouca importância (algum, lembro, no programa dumas festas patronais). Depois, durante o período universitário decidi que não devia publicar nada até estar certa de que era isso exatamente que queria escrever. Uma ideia (que eu achava foucaultiana na altura) que teve grande influência em mim ligava o ato de publicar com falta de autenticidade da escrita: adorava na altura a escrita privada, que achava singularmente subversiva.

Depois, um ano de sacudidas vitais fez com que decidisse participar em concursos; achava que o critério dum júri legitimaria o que escrevia. Aí chegou A xeira das árbores (2004), com o Lueiro Rei. Na realidade os 4 primeiros livros que publiquei foram ganhadores dos correspondentes certames.

¿Cal das túas obras cres que foi mellor tratada e cal pasou máis desapercibida para o público e/ou a crítica? ¿Por que cres que recibiron ese trato desigual?

herba mouraA minha obra melhor tratada, sem dúvida, foi Herba Moura. Chegava num momento em que a literatura galega estava muito recetiva a vozes femininas e contava uma história coral, de mulheres  e histórica, o que permitia interpretações acordes com gostos diversos. Quanto a mais desconhecida, talvez seja A intervención, apesar de contar com tradução para o espanhol (Artes subversivas para cultivar jardines). Há um par de dias assisti ao lançamento dum livro doutra autora e no debate posterior várias pessoas participantes no evento comentaram isso. Penso que tinham razão. Talvez a causa seja que o tema ecológico é um dos que mais custa digerir socialmente.

¿Tes algún hábito singular ou manía á hora de escribir?

Sou um animal de escrita; não preciso de nada para escrever. Mais bem, ao contrário, tenho a mania de escrever.

Nunha antoloxía da nosa literatura recente, ¿ao pé de que autores/as preferirías figurar?

unha primavera para aldaraAs antologias são assunto de quem antologizar, não? Seguramente, se aparecesse, seria no capítulo dedicado a “Elas”. E, ainda que estaria bem à vontade com as minhas companheiras, onde tenho grandes amizades e com quem partilho muitas energias e posicionamentos, eu própria e elas criticaríamos essa decisão de nos relegar ao esperável capítulo do feminino.

Se tiveses que historiografar a túa propia traxectoria literaria, ¿que trazos salientarías?

Infelizmente, o meu percurso está marcado por uma decisão alheia ao facto literário. Em março de 2013 decidi escrever no galego internacional que estou a usar. Isso marcou um antes e um depois porque agora habito as margens. Espero que algum dia essa fronteira se apague e nesse momento poder responder a tua pergunta com motivos puramente literários. Por exemplo, eu observo que cada vez sou menos riquinha… É surpreendente isso, como acabamos por responder na nossa própria obra contra etiquetas que nos colocaram antes. E não falo só da crítica. Por exemplo, as diferentes edições em diversas línguas de A xeira das árbores, de Herba Moura ou de A palabra das fillas de Eva criavam uma imagem burguesa da voz autorial (gostava de flores e outras plantas, ia para a história passada como se tivesse medo a falar do atual, evitava os temas obscenos; era reivindicativa mas dentro duma medida). Nesse momento vi que devia controlar mais o processo de edição, que também somos lidas através da capa, do texto que a acompanha, do tipo de promoção em que participamos. E, claro é, aparecem as publicações mais comprometidas politicamente (O natural e político, Politicamente incorreta), mais dissidentes (Queer-emos um mundo novo, Ostrácia) ou mesmo com evocações pornográficas (Eu violei o lobo feroz), mas eu estaria contestando a uma simplificação prévia, porque eu sempre fui politicamente dissidente; não era uma novidade na minha biografia. Este último poemário, Eu violei o lobo feroz, marca para mim um ponto de inflexão independente do problema ortográfico: comecei a exteriorizar aí o relacionamento entre erótica e poder, que me vem ocupando estes anos. Para mim, Ostrácia e Um elefante no armário fazem parte do projeto literário que iniciei com Eu violei o lobo feroz.

eu violei o lobo feroz¿Que lecturas te acompañan decote ou a que escritores/as regresas con frecuencia?

Estou muito interessada em autoras contemporâneas como Audur Ava Olafsdóttir, Lena Andersson, Alexandra Lucas Coelho ou Verónica Gerber. Retratam tão bem o que eu sou que regresso com frequência às suas páginas, duma maneira quase obsessiva. Mas também há outro estilo de autoras e autores que me marcaram e que releio muito: Torrente Ballester, García Márquez, Margueritte Duras, Coetzee, Amin Maalouf…

¿Que cres que lle falta aínda ás nosas letras e que lle sobra definitivamente?

Com as nossas circunstâncias sociolinguísticas, inevitavelmente falta normalidade. Com frequência, publicam-se textos para termos um exemplo de tal o qual género ou material para o ensino e isso implica obedecer o mercado e, aliás, um mercado minoritário e sujeito a uma competência feroz. Se a literatura for também arte, como eu penso, devemos aceitar que o ato artístico é irreverente, provocador e diverso. Eu diria que o importante não é que tenhamos obras de que gostemos; o ideal seria que tivéssemos muitas obras de que não gostássemos, mas não por serem pobres em qualidade, mas por não coincidirem com os nossos gostos. Isso seria um indicador de normalidade.

ostraciaSe soubeses que o teu tempo se esgota, ¿que non te perdoarías non deixar escrito?

Não me perdoaria sentar-me a escrever. O urgente seria despedir-me.

¿Cal é a túa valoración do noso presente literario?

Sempre é difícil valorar o momento histórico em que estamos envolvidas. Demasiado. A literatura galega tem sido, e ainda é, um território de resistência, com muitas vozes interessantes e grande dificuldade para chegarem, para se fazerem eco. Acho que corresponde à crítica literária responder essas perguntas; as/os autoras/es temos a obriga ética e estética de contornarmos o imediato, de não opinarmos assim muito para simplesmente escrever, escrever, escrever. Daí, da conviccão nas próprias forças, do impulso criativo é que pode sair algo. Ou talvez não. Mas vale a pena tentar.

Se desexas facer algunha outra consideración, túa é a palabra.

un elefante no armarioQuando leio uma entrevista que me fizeram sempre me encontro desagradável, defensiva.  O género é difícil: nem imagino que alguém se interesse pelas minhas opiniões. Ou prefiro reservá-las para o universo do relacionamento privado, das pessoas íntimas que sabem que falo com a mão no coração e quase sempre com um excesso de intensidade. Não domino bem o registo público, nem gosto de dizer as frases esperáveis. Peço desculpa, portanto, por não saber responder melhor a esta tua gentileza de me perguntar publicamente. Mas agradeço.

Lugrisiana

iglugrisSigo dende os seus inicios a andaina poética de Igor Lugrís, hai agora un cuarto de século, así que, ante a aparición esta mesma semana do Curso de Linguística Geral (2015), non puiden senón debruzarme de inmediato na súa lectura, na certeza de que as boas sensacións de anteriores obras volverían con esta nova entrega. E acertei. O mellor da súa lírica incisiva, humorada e emocional alcanza aquí venturoso cumprimento.

Ao meu ver, son catro as trabes mestras que percorren estas páxinas, que figuran divididas en sete seccións e que toman como arquitectura e campo para a transtextualidade o propio Curso de Lingüística Xeral de Ferdinand de Saussure publicado hai agora, exactamente, cen anos.

A escrita lugrisiana procúranos unha Ética, unha Estética, unha Erótica e unha Metafísica que van entrelazando a súa presenza ao longo de todo o poemario, se ben nalgunhas seccións é máis notorio o protagonismo dunhas ca doutras.

A Ética destes versos defende a liberdade e a diversidade, é insubordinada respecto de calquera tipo de subordinación e rexeita a violencia de xénero. Tampouco comunga cos presidencialismos e as políticas dirixistas, moito menos contra a prostitución da Cultura e da escrita e defende a liberdade, fraternidade-soridade e incluso a musicalidade (porque non hai revolución auténtica sen canto). O asemblearismo, o igualitarismo e a pulsión libertaria inzan en cada recanto, porque do que se trata é de “reogarnizar o Sistema” nunha dirección antimonárquica e arredada do neoliberalismo, que pense na protección da “forza de traballo”, que non escravice pola “produtividade” e que opte pola “propiedade colectiva”: “Poema prosaico, livre e comum/ comunista, comunitário e comunicador”.

Hai tras estas composicións unha Estética ben definida, que agocha asemade unha (auto)poética que profunda nos límites da escrita, na dicibilidade do existente. A poesía é unha revelación e a comunicación polo silencio, as pausas epifánicas, son decisivas, pois marcan a diferenza nesa pugna pola comunicabilidade, angueira que se herda, pois Lugrís ten plena conciencia de pertencer a unha tradición, a un colectivo con memoria do que é depositario, un “alofone” nunha Alba de Gloria de “fonemas”: “Un poema como uma implicatura/ que comunica o que não diz/ que não diz o que comunica./ Uma implicatura como un poema onde nada é o que parece/ e desaparece”.

Curso de Linguistica GeralCaracterístico deste Curso de Linguística Geral de Lugrís é tamén o ludismo erótico, apaixonado e vibrante, que xoga cos dobres sentidos para defender certos usos da lingua, a alternancia entre suxeito e predicado, activo e pasivo e concordancias varias lingüístico-amatorias. Por descontado, esta mesma duplicidade acode tamén en poemas como “Os verbos copulativos”, “As solidariedades sintagmáticas” e outros, onde os nexos, a sintaxe (unión) e as complementacións van da gramática ao leito, de xeito tal que as “grafías livres” se ciscan na “pele” e o poeta réndese a un “axioma que me enreda/ entre as súas pernas”. Un texto como “Prova de conmutação”, onde as posturas arriba/abaixo, diante/atrás, horizontal/vertical se describen para o cambio dos elementos lingüísticos e se insinúan para a cópula confirman “que os resultados variam/ mas que o significado/ do prazer/ mantém-se inalterável”.

Finalmente, a escrita de Lugrís comporta tamén unha reflexión fonda sobre cuestións ontolóxicas. Deste xeito, hai unha percepción do individuo como un ser de Tempo, caduco, un ser para a morte (con todas as implicacións filosóficas que isto comporta). Mesmo a definición mutable do ser, a visión deste como unha realidade líquida (no ronsel de Bauman) figura aquí salientada. Porque, en definitiva, o que se procura é determinar o problema da identidade, e, nese profundar, hai ecos nominalistas, platónicos e aristotélicos, que entenden que somos/estamos asegún e que os contextos nos definen, que hai unha pulsión demiúrxica que crea a realidade porque a verbaliza. Máis aínda, o dominio da lingua supón o dominio do Poder, por iso non abonda con ter os elementos da comunicación, senón que é preciso a Vontade, a elección de servirse deles, xa que a Linguaxe é o Pensamento e este a comprensión da Realidade e, xa que logo, a palabra ten un poder transformador do empírico, alén (ou a carón, se se prefer) da dicotomía ficción/verdade da escrita: “A língua/ como uma máquina/ autopoiética”.

Con certeza, este Curso de Linguística Geral de Igor Lugrís, que conta cun excelente e iluminador prólogo de Teresa Moure, ha resultar unha lectura do máis suxestiva para aqueles que con el se animen, pois foi argamasado cun humor esclarecedor e habelencia nos recursos estilísticos, o que fai desta obra un convite para o deleite fondo e a reflexión próvida.

[El Ideal GallegoDiario de Ferrol, 21-2-2016]

Letras escolleitas

Mosaico cos libros destacados do 2015Traspasada a soleira do aninovo, acáelle facermos reconto do que o ano vello nos deixou literariamente, separar o gran da palla e gardar no celeiro o mellor e mais madurecido froito.

No eido da narrativa, o 2015 que se nos foi agasallounos con media ducia de títulos sobresalientes. É o caso desa homenaxe ao mundo dos libros, a liberdade e os soños que Manuel Rivas nos lega en O último día de Terranova. Tamén da historia de descubrimentos que mergullan nun pasado ilusionado e afinca nun presente rabudo que Antón Riveiro Coello debuxa en Os elefantes de Sokúrov. Evidentemente, o Eros e a Política que gobernan a revolución bolxevique de Inesa Armand e Lenin na Ostrácia de Teresa Moure, intensa alegoría de nós. De igual maneira, a memoria colectiva do Vigo que foi e que é e mais a peripecia familiar inzada de escuros segredos que Fran P. Lorenzo asina en Cabalos e lobos. Tamén si, a recreación do feraz universo trobadoresco que Manuel Portas deseña en Lourenço, xograr, avolto territorio de pugnas monárquicas, tiranías clasistas e amores non só corteses. Por remate, igual as Interferencias de Manuel Seixas, recuperado para a escrita pública tras un longo período de silencio que ve a luz ao final do túnel con este seu poderoso relato sobre a identidade e o destino.

O verso tamén brillou con forza o pasado ano. Fulgurou na (meta)poética dixital de Fran Alonso no seu vivificante Poetic@. Ardorou nesa cartografía hibridada entre o emotivo e o cognitivo que debroca na intuición pura en Zonas de tránsito de Ramón Neto. Espellou na estética disidente e subversiva de Elías Portela e o seu Bazar de traidores. Irisou en O que precede a caída é branco de Oriana Méndez, himno á esperanza silandeira, ao rumor rebelde do océano que agarda polo tsunami operario. E, xaora, eclosionou na epifanía cosmogónica, a revelación da raíz que tradea a poesía skáldica de Manuel Rivas en A boca da terra.

biblioteca america uscO teatro de noso vive horas difíciles, escasas. Emporiso, a calidade da súa escrita dramática está salva. Confírmao a metafísica sinfónica, o menos é máis contra o capitalismo cínico e hipócrita que berra Santiago Cortegoso en Smoke on the Water. Tamén as imaxes imantadoras, as personaxes agónicas e o fatum irremediable que todo o arrastra en Ela, piedade dos suicidas (Baía), do poliédrico Xavier Lama.

Houbo ceifa abondosa tamén na agra do infantoxuvenil. De entre o moito sementado, préstame espigar o onírico de imaxinación desbordante co que María Solar inzou O meu pesadelo favorito. Tamén o terror albo que arrepía en A neve interminable, de Agustín Fernández Paz, mestría na arquitectura do relato ao servizo de poderosas pulsións. Por descontado, a recuperación do noso acervo lendario na recreación versal e a refacta relatística de Antonio García Teijeiro e Antonio Reigosa en Lendo lendas, digo versos.

Ano de seca, ano de seda. Así foi para deixarnos páxinas farturentas coas que seguírmonos acompañando neste 2016 que agora escomezamos e ao que haberá que lle pedir, ao seu tempo, que renda non menor proveito.

[El Ideal GallegoDiario de Ferrol, 3-1-2016]

A Elena Poniatowska galega

A da escritora Elena Poniatowska (París, 1932) é unha vida de película dende o mesmo berce: nacida co título de princesa Hélène Elizabeth Louise Amélie Paula Dolores Poniatowska Amor, descende dunha familia emparentada co derradeiro rei polaco e aínda xenerais que dirixiron, xunto a Napoleón, a ofensiva contra Moscova.

Tivo que abandonar o París da súa infancia por mor da Segunda Guerra Mundial e marchou con súa nai ata México con tan só dez anos de idade, deixando a seu pai na fronte, a loitar na Resistencia.

Logo de estudar en Filadelfia e Nova York, regresou cabo dos seus a México DF e comezou unha meteórica carreira xornalística e literaria que, dende 1954 ata os nosos días, ten dado ás letras hispanas títulos memorables que foron recoñecidos cos máis altos galardóns, entre eles, por citar só algúns, La piel del cielo, Leonora ou Paseo de la reforma.

Mais hoxe préstame salientar que Poniatowska foi sempre unha namorada de Galicia e a súa cultura e que tivo con esta unha relación admirativa e cordialísima. Con tal motivo, a Asociación de Escritores e Escritoras en Lingua Galega distinguiuna en maio do 2009 como ‘Escritora Galega Universal’, o que dá idea do estreito vínculo e a querenza recíproca que entre os nosos autores e esta xenial narradora e ensaísta houbo sempre.

Precisamente coincidindo coa designación de ‘Escritora Galega Universal’ a súa obra comezou a se traducir á vella lingua dos cancioneiros e foi por iniciativa da AELG que veu luz a primeira compilación dos seus relatos: A filla do filósofo (2009), volume publicado pola Editorial Galaxia e obra na que participaron traducindo textos creadores galegos como Francisco X. Fernández Naval, Xabier López López, Elvira Riveiro Tobío, Isidro Novo, Anxos Sumai, Rosa Aneiros, Xavier Queipo, María Reimóndez e Francisco Castro.

Logo veu a versión da magnífica novela curta Benquerido Diego, abrázate Quiela (2010), trasladada por Fe González Fernández e publicada pola coruñesa Editorial Trifolium, o selo que máis ten feito entre nós polo coñecemento e divulgación da autora, pois aínda no 2012 deu a coñecer a terceira e, polo de agora, última das obras traducidas de Poniatowska ao galego, Lilus Kikus, que puxo na voz nosa Teresa Moure.

O territorio literario de Poniatowska resulta dunha xenuína e particularísima mestura da sensibilidade polo social e a clarividencia no relato das historias íntimas e delicadas, todo orlado cunha prosa límpida e sonora que converte as súas narracións nunha sinfonía de sutilezas.

A recente concesión do Premio Cervantes non fai senón recoñecer o que era un clamor entre os entendidos: que a escrita de Poniatowska zumega quilates á volta de cada páxina, que a súa abraiante capacidade para recrear mundos de escura miseria e tirar deles luzadas de esperanza nos reconcilia coa vida e co xénero humano. Por todo iso e por ter demostrado decote ser amiga dos galegos, vaian dende esta columna os nosos máis efusivos parabéns a Elena Poniatowska e oxalá este novo recoñecemento sirva para que o lectorado de aquí poida ver máis obra súa nos andeis das librerías, pois non merece menos esta parisiense de orixe e mexicana de corazón que contempla o mundo dende Chimalistac para logo contárnolo con fermosura incomparable.

[Publicado nos xornais El Ideal GallegoDiario de FerrolDiario de Arousa e Diario de Bergantiños, 24-11-2013]

Por ‘queer’ ler a Teresa Moure

Co volume Queer-emos un mundo novo a narradora e dramaturga Teresa Moure gañou o último Premio Ramón Piñeiro de Ensaio, recuncando así nun galardón que xa obtivera hai uns anos con outra moi interesante monografía, Outro idioma é posible (2005).

Neste novo libro, a profesora Moure volve profundar na problemática cuestión da consideración xenérica, tal como xa fixera, a medio camiño entre a ficción narrativa e o ensaio, na obra A palabra das fillas de Eva (2005) e, de xeito moito máis puntual, nalgún capítulo comparativo coa situación da cuestión ecolóxica no texto O natural é político (2008).

Ao longo de cinco amplos apartados, Moure aborda a realidade xenérica dende os postulados defendidos pola teoría queer, apelando para o mesmo a dimensións filosóficas, lingüísticas, sociais e literarias que debuxan un complexo mapa de interaccións limitadoras unhas veces, opresivas outras, que cómpre superar.

Neste sentido, resultan especialmente suxestivas as súas puntualizacións sobre o concepto queer aplicado aos textos producidos en galego, repasando baixo esta nova óptica as obras de, poño por caso, Blanco Amor (A esmorga), Otero Pedrayo (O maroutallo) e a poética de Rosalía (Follas novas), alén dalgúns textos da autoría da propia Moure.

A teoría queer, con vontade explícita de activismo político (velaí o genderfuck) e formulación discursiva baseada na linguaxe filosófica e simbólica d@s Foucault, Derrida, Wittig, Butler e demais, preséntase así como unha vía posible para integrar “todos aqueles casos que alteran a predición estereotipada de que un sexo cromosómico debe corresponder cun xénero social e cun determinado desexo sexual ou afectivo” (p. 35); isto é, fronte ao reducionismo binarista sexual (ou home ou muller), queer entende que ten de se contemplar un marco intepretativo que dea cabida por igual á “gradación de entidades intermedias onde cada suxeito máis ou menos se insire, de xeito que deixa de recoñecerse como decididamente home, ou decididamente muller para aceptar unha identidade negociada entre indicios diversos de masculinidade e de feminidade” (p. 37).

Moure —que ten presentes os traballos de Carlos Callón, Mario Regueira, Narciso de Gabriel e outr@s— non dubida en concluír que “a literatura galega é unha literatura queer, unha literatura que ocupa un espazo de fronteira” (p. 47). Deixando a un lado se esta caracterización se axusta ou non de xeito preciso ás nosas letras, o que non cabe dúbida é que posibilita unha aproximación interpretativa que pode achegar moitas luces á hora de explicar diversos comportamentos do noso particular campo ou sistema literario, de aí o interese certo do ensaio da autora monfortina.

A carón desta revisión do fenómeno literario galego dende o queer o libro detense tamén noutros asuntos de fondo calado, como a difícil relación entre xénero e linguaxe, as novas estratexias de sexismo lingüístico faloglósico, os relativos avances na feminización do discurso e, sobre todo, a aposta por solucións idiomáticas que se inclinen polo emprego de substantivos abstractos (cidadanía, profesorado, presidencia…) ou o uso de plurais inclusivos a través de novas grafías (amig@s ou amigXs ou amig*s) no canto das respectivas formas do masculino xenérico que a vella garda filolóxica segue a presentar como ‘non marcado’.

Así pois, poderá estarse de acordo ou non coas teses sostidas por Teresa Moure en Queer-emos un mundo novo, mais o que é indiscutible é a pertinencia e ocasión dun libro coma este, que convida a repensarmos moitas supostas certezas sobre temas vitalmente decisivos. Un ensaio necesario que non debería pasar inadvertido e que, agardemos, xere un fértil diálogo que nos axude a avanzar a tod@s.

[Publicado nos xornais El Ideal GallegoDiario de FerrolDiario de Arousa e Diario de Bergantiños, 29-7-2012]